quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Informática na Educação no Brasil: análise e contextualização históric


No Brasil, a informática começou a ser utilizada na educação a partir da década de 70. Observando os métodos de outros países, alguns educadores brasileiros começaram a discutir o uso da informática no ensino. Uma das grandes diferenças do programa de informática na educação do Brasil em relação a outros países é a proposta pedagógica e a função do computador no processo educacional. No programa brasileiro, a função do computador é a de provocar mudanças pedagógicas significativas, e não apenas tornar o aluno capaz de usar o computador. Os centros de pesquisa do EDUCOM visavam a criação de projetos educacionais nos quais o computador era um meio para tornar mais fácil o aprendizado. A maior dificuldade era transformar a abordagem educacional tradicional em um ensino de verdade, onde o aluno pudesse aprender utilizando o computador e praticar nele o que aprendeu. Todas as ações dos projetos de informática na educação tinham como objetivo provocar uma mudança pedagógica, mas não se pode dizer que houve uma transformação no sistema educacional. Os trabalhos feitos pelo EDUCOM provocaram mudanças na educação, e em diversas partes do país há exemplos de mudanças pedagógicas positivas, mas a informática ainda não se estabeleceu no sistema educacional brasileiro. Para que isso ocorra, é preciso modificar a sala de aula, a escola e o modo de pensar de professores e alunos. Não basta apenas instalar computadores nas escolas. A sala de aula tem de ser um local onde o professor e os alunos façam um trabalho diferente, interessante. O professor já não é mais o transmissor de conhecimentos, mas alguém que facilita o aprendizado, enquanto o aluno é o construtor de seu próprio conhecimento, e aprende praticando. Em relação aos cursos de formação que alguns professores fazem a fim de aprender a usar a informática no ensino, há aspectos importantes a serem observados. O conteúdo dos cursos e as atividades dadas não têm relação com a realidade pedagógica do professor. Outro problema é que quando o professor conclui um curso de formação, continua na sua velha prática pedagógica, e não consegue provocar mudanças no ambiente de trabalho. Um exemplo de curso de formação descontextualizado é o FORMAR, realizado na UNICAMP nos fins da década de 80. Esse curso foi proveitoso, por exemplo, no sentido de transformar professores leigos (em informática) em profissionais que hoje trabalham na área de informática educacional. Por outro lado, o curso foi breve, o que dificultou a assimilação do conteúdo. Conseqüentemente, o professor concluiu o FORMAR sem a base necessária para praticar com os alunos o que aprendeu no curso. É preciso que o professor passe por um processo de formação, mas de modo diferente do que ocorre. Introduzir a informática na escola não significa apenas ensinar o professor a utilizar o computador em sala de aula. Quanto aos cursos de formação, estes não devem ser vistos como oportunidades de adquirir informação, mas como processos de construção e encadeamento de conhecimentos. Um bom curso deve fornecer a base necessária para que o professor aplique na educação os conhecimentos que aprendeu.

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL: análise e contextualização histórica Autor: José Armando Valente

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